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Caxias do Sul,05/10/2024

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Imigração Italiana e sua descendência | David Pandolfo e sua Casa Comercial, no Km 45, Riozinho/ RS.

Fonte: Ari Caberlon/Elisete Luiza Masera
Imigração Italiana e sua descendência | David Pandolfo e sua Casa Comercial, no Km 45, Riozinho/ RS. Divulgação

Fatos Pitorescos; casos e causos

Em conclusão ao texto relativo à história da Imigração Italiana, referente à Família de Guiseppe e David Pandolfo, e publicado por esse prestigioso Jornal Ponto Inicial, cujos relatos anteriores foram:

1 - “Imigração italiana: a trajetória de Giuseppe Pandolfo e o filho David   Pandolfo, na antiga colônia Dona Isabel, hoje Bento Gonçalves, RS”, elaborado pela pesquisadora Elisete Luiza Masera e publicado em 12-11-2023;

2 – “Imigração Italiana e sua descendência - David Pandolfo e sua Casa Comercial, no Km 45, Riozinho/ RS” – parte 1/2, pesquisado por Ari Caberlon e publicado em 18-11-2023; apresentamos agora os “Fatos Pitorescos, casos e causos” – parte 2/2.  

4.4 - Fatos Pitorescos e casos e causos

4.4.1 Tanta movimentação de mercadorias já naquele tempo e ainda há a considerar que a luz elétrica lá inexistia, o que veio a ocorrer somente no final de 1975.

 A esse respeito, consultando o livro “Rolante”, acima referido, vale transcrever seu conteúdo constante à fl. 54:

“De Chuvisqueiro veio David Pandolfo assumir a casa comercial de Alto Riozinho. A colônia do Alto Riozinho chegou a ter em torno de 100 famílias.”

 (na página anterior do citado livro há a seguinte explicação: Linha e núcleo colonial no antigo Distrito de Riozinho, também conhecido por KM 45, cuja denominação vem da contagem dos quilômetros desde Taquara, em direção à Barra do Ouro).

“Em 1907, a estrada geral foi inaugurada. Por lá também transitavam tropeiros de suínos. Houve varas de 600 a 800 porcos, comprados e arrebanhados pela região serrana, levados à Estação Ferroviária de Taquara, de onde seguiam para os frigoríficos. Para atender viajantes, Inácio Vacariano montou um hotel de 36 quartos, como lembrou Júlio Schneider, em meados da década de 1920.” (Inácio Vacariano veio a casar com minha tia, Adelina Dal Ri Caberlon, após falecimento de seu esposo, João Caberlon, em 1940).

“Ao lado da igreja, foi construído um Salão Paroquial, construído em 1984, como local de opções de lazer, com cancha de bochas e área para esportes. Mesmo assim, o número de famílias vem decrescendo, chegando a 35, em 1986. Um ano antes, foi inaugurada a rede elétrica, para maior conforto dos moradores, já beneficiados com escola, telefone e moinho.”

4.4.2 O nono David gostava de ouvir rádio, lá pelos anos de 1943, então, durante a 2ª guerra mundial. Mas, como, se não tinha eletricidade?

Simples. Mandou instalar um catavento do outro lado da rua de seu comércio/moradia, em local um pouco mais elevado, gerando energia que era armazenada em bateria de 6 volts, muito pesada à época por seu sistema eletro-técnico, ainda incipiente. Ficava protegida sob o catavento, mas em torno de 1,5m acima do solo, exigindo esforço, por seu peso e altura, tanto para levá-la até a cozinha, quanto para retorná-la ao carregador (esse catavento ainda existe e está montado na frente da casa de sua neta mais velha, a Nilva, em Riozinho).

Segundo o Dileto, seu pai ordenava que fosse buscá-la já carregada até a cozinha, onde conectada a um aparelho de rádio, permitia-lhe acompanhar os acontecimentos um tanto distantes dali. Depois, do mesmo modo, a bateria retornava ao carregador. David vivenciou fatos marcantes na história brasileira e mundial, ouvindo aquele rádio à válvula, ligado à bateria.

4.4.3 Em 1953, houve briga e mortes no KM 45, por desavença entre trabalhadores em granjas de arroz existentes no litoral do Estado, nos arredores de Mostardas, quando para lá se deslocavam a trabalho na época de safra.

Era um sábado à tarde, no bar do Carlos Faccio, jogavam um carteado popular qualquer um tal de Sinhô (portava uma faca) e seu irmão Ramiro, de um lado e Aurélio Biriva (portando revolver) e seu cunhado Valdo Rafael de outro. Da discussão sobre não pagamento de comissões às vias de fato foi um átimo. Resultando em ferimento e depois, morte de ambos. Um deles refugiou-se no porão da casa de Victório Pandolfo (localizada defronte ao bar), pedindo-lhe socorro. Prontamente, o Victório levou-o ao Hospital de Riozinho, onde veio a óbito. Em seu retorno ao lar, sua esposa, Nelita, por medo, pediu e os dois foram dormir na casa do nono David.

Este, sabendo do ocorrido, pegou seu revólver e decidiu encaminhar-se ao local da ocorrência. No meio do caminho, alguém saltou do mato e o reconhecendo, o teria pedido para não atirar, percebendo-o já pronto a disparar. Todavia, o desenlace no bar já havia ocorrido.

Outro episódio é lembrado quando um cliente metido a valente, portando espada (Marcelino Ferreira Guimarães), arma de uso comum à época, e após fazer suas compras, já anoitecendo e tendo ingerido alguns tragos, passou do ponto de equilíbrio. Isso foi motivo de iniciar uma discussão com o nono David, objetivando ir embora sem pagar.

Então, o bebum, usando sua espada, derrubou propositadamente duas velas (então conhecida como cintilena, alimentada por carbureto, clareando o ambiente). E, com essa arma branca, na escuridão, ameaçava o novo David, e lhe dizia “quero experimentar esse gringuinho, que me nega crédito”. Enquanto o nono David saltitava atrás do balcão e lhe dizia “estou aqui”, “estou ali”, “estou lá”, até que pegou seu revólver que estava na gaveta e o disparou para cima, acertando um balde pendurado e exposto à venda. O cliente “valente” fugiu, prometendo voltar para vingar-se. Ao que ouviu como resposta do nono David: “venha, mas não sozinho, traga uma dúzia, pois quero fazer um monte só”. A dívida permaneceu e o homem nunca mais apareceu.

4.4.4 – No início dos anos 60, já possuíam caminhão para transporte de mercadorias. Esse meio de transporte também servia para, aos domingos, lotar sua carroceria de fiéis para assistir às missas na Paróquia de Riozinho. E também transportar pessoas doentes até Riozinho, ou vive-versa, sempre que solicitado, sem nunca ter cobrado.

4.4.5 – Alguns anos após, já em 1969, para melhorar o conforto caseiro, o Victorio e Dileto, compraram uma geladeira a gás, permitindo a fabricação de gelo e, assim, melhor conservar produtos perecíveis.

4.4.6 – Lembro-me que, em 14-12-1975, o nono David e nona Angelina comemoraram suas bodas de ouro com um almoço no Salão da Comunidade do KM 45, à qual estive presente. Essa lembrança também se deve ao fato que, naquele dia houve a decisão do Campeonato Brasileiro de Futebol. O jogo foi no Estádio Beira-Rio, onde o Internacional venceu ao Cruzeiro, de Belo Horizonte/MG, por 1 x 0, conquistando seu primeiro título em âmbito nacional. Vimos esse jogo pela TV (que funcionava à bateria, pois ainda inexistir energia elétrica), na casa do Dileto. (Foto de meus arquivos).


Celebração das Bodas de Ouro do nono David, em 14-12-1975.


Um destaque especial à esposa do nono David, sra. Angelina Brambilla, com quem conviveu por 56 anos, ajudando-o em tudo, inclusive no comércio. Era simpática, bela, sempre ativa e de bom humor.

4.4.7 – As várias famílias Pandolfo. Qual o parentesco?

Em Riozinho e no KM 45 haviam 4 ou 5 troncos familiares e seus descendentes:

No KM 45 residia o Sr David Pandolfo (1), do qual se referem estes dados.

Em Riozinho, havia o Sr Guerino Pandolfo (2) (não o conheci, por já falecido. Fundou a Pandolfo Ind de Ferramentas S/A, hoje, em Parobé).

Também o Sr Albino Pandolfo (3) (Fundador da Açopan – extinta, na qual trabalhei como pintor de ferramentas aos 13 anos).

Igualmente o Sr Guerino Pandolfo (4) (tb não o conheci, por já falecido), mas seus 4 filhos sim (José – açougueiro em POA, colega quando trabalhei num supermercado, tão logo vim residir em POA; Balduino (cujos filhos eram amigos, Nelita, “Batoque” e Darli, “Mussa”); Arlindo (alcunhado de moranga) e Elsa, enfermeira do Dr Rissi.

A interligação parental foi esclarecida, graças ao cunhado Dileto Pandolfo:

O Sr David Pandolfo (1), era irmão do Sr Guerino Pandolfo (4). Enquanto o Sr Guerino Pandolfo (2), era irmão do Sr Albino Pandolfo (3), ou seja, dois irmãos eram concorrentes em fabricação de ferramentas. Isto, de um lado. Agora, percebo, por outro lado, que o Sr Guerino Pandolfo (4), é o mesmo que iniciou o comércio no KM 45, e sucedido pelo Sr. David Pandolfo (1). Só pondo no papel, mesmo, para entender....

4.4.8 - As Festas de São Cristóvão – Festa dos Motoristas (segundo o Dileto Pandolfo)

Em 1965, Victório Pandolfo dirigia-se a Porto Alegre pela RS 20, com caminhão carregado de produtos coloniais (aves, ovos, cabritos, etc,). Na localidade de Santa Cruz da Concórdia acidentou-se, tombando o caminhão fora da pista. O prejuízo maior foi a perda das mercadorias e fuga dos animais. Retornando, comentou com seus irmãos Dileto e Orestes a ideia de comprar uma estátua do protetor dos motoristas. Ideia aceita e logo posta em prática. (Minha memória ainda registra o Victório usando muletas, pelo acidente).

Assim, no dia 25 de julho de 1965, realizou-se a primeira Festa dos Motoristas no KM 45, sob o comando da comissão organizadora, formada pelos três irmãos, Victório, Dileto e Orestes. Para abrilhantar a festa, a comissão instituiu o concurso de madrinha e padrinho à festa, vencendo quem maior valor em espécie doasse. A vencedora feminina foi a sra. Maria Rosa Pandolfo. E do masculino, o sr Arlindo Pretto. Foi um super sucesso, com enorme participação popular. A Empresa Rolantense de Transportes foi uma grande incentivadora, a qual ofertou muitos brindes para serem leiloados.

A procissão partiu da Paróquia de Riozinho, tendo à frente o motoqueiro João Schierholt (então, único dono de moto nas redondezas), seguido de carros, caminhões e ônibus. Após sugestão da Rolantense, a comissão aceitou a inclusão da Capela do Chuvisqueiro no roteiro das próximas festas, alternando entre o KM 45, Riozinho e Chuvisqueiro.

O sucesso dessas festas expandiu-se e outras localidades pediram sua inclusão. Assim, além das três acima, a Paróquia de Rolante e a então capela de Boa Esperança foram aceitas, na seguinte ordem: KM45, Rolante, Riozinho e Boa Esperança (Chuvisqueiro, posteriormente, ficou de fora). As procissões, então, saiam em caravana motorizada desde o local da última festa, em direção ao local do próximo evento, acompanhada pelos devotos das demais localidades. No tempo, por abusos cometidos, excluiu-se a participação de motos. Deste modo, atualmente apenas carros, caminhões e ônibus participam da caravana motorizada.

O sr Dileto fez questão de frisar que “a cada ano, aumenta a quantidade de participantes”. Para perpetuar a iniciativa de 1965, foi erigida no KM 45 uma pracinha em homenagem a São Cristóvão, inclusive, com iluminação pública. Foi inaugurada quando era prefeito de Riozinho o sr. Antônio Carlos Colombo. Pode-se ver a pracinha na foto do item 4.2.

4.4.9 Cidadania Italiana

Graças aos ascendentes do Sr David, especialmente seu pai, Sr Giuseppe Pandolfo (nascido em 1860, em Treviso), os descendentes que se interessaram, obtiveram a cidadania italiana.

Então, Dileto e Rosa Maria Pandolfo, a filha Rosangela e seus dois filhos Gabriel e Thomas Lucca e o filho Rogério Davi Pandolfo e Luciana Reinhardt, e seus filhos Luigi e Costanza têm. Também o Jaime Pandolfo a possui.

Assim, agora, podem fazer o caminho inverso, em situação totalmente diferente e festiva de seus antepassados, cujas histórias de sofrimento pela longa viagem de navio, pelo desconhecimento aonde iriam e o que encontrariam, etc, são conhecidas. Quantas angústias e incertezas enfrentaram, sem contar com as então dificuldades financeiras, já precárias, graças à penúria decorrente de guerras e invasões lá ocorridas.

4.4.10 – Neta residente no exterior e esposa de neto maratonista

Acrescente-se que seus descendentes estão espalhados pelo Brasil e até exterior, como é o caso de uma neta residente em San Francisco/CA/EUA já há 40 anos.

E a esposa de um neto, é maratonista amadora pela Sogipa, afora exercer a odontologia. Corridas no Brasil já participou de várias. No exterior também, a exemplo de Ilha de Elba, (próxima à costa italiana, da qual Napoleão Bonaparte, preso, fugiu em 26-02-1815, retornando à França), Nova Iorque (2022) e Berlim, no domingo, dia 24-09-23.

4.4.11 – Bisneta praticando lindo e comovente exemplo der solidariedade

Com então 09 anos de idade, Costanza foi notícia no Jornal do Almoço da RBS TV em ago/2021, conforme link a seguir.

Rogério Pandolfo on Instagram: "Hoje nosso dia foi cheio de emoções ! A nossa pequena filha Costanza , que é voluntária mirim do instituto criança mais feliz ,teve sua história contada ! Com sua solidariedade infinita , levou carinho e doações para




Com seu exemplo dignificante e emocionante pela precocidade em auxiliar crianças necessitadas, essa sementinha certamente deixou todos seus familiares felizes. E seu bisavô, de onde estiver, mais ainda, pois seus frutos são bons.

Seu pai, Rogério Davi Pandolfo, descreveu o seguinte, no Instagram:

“Hoje nosso dia foi cheio de emoções! A nossa pequena filha, Costanza , que é voluntária mirim do instituto criança mais feliz, teve sua história contada! Com sua solidariedade infinita, levou carinho e doações para crianças carentes da nossa capital! O jornal do almoço fez uma reportagem linda e emocionante para falar de como e quanto vocês também podem colaborar para nossas crianças que passam fome! Ver uma criança como a minha Costanza tomar esta incitativa, faz acordarmos para o mundo e pensarmos como podemos ajudar ao próximo! Vamos abrir nosso coração, sair da nossa zona de conforto e ajudar quem precisa! Assista a matéria realizada pela querida Isabel Ferrari, com todo carinho! Obrigado jornal do almoço! Vocês com certeza atingiram e emocionaram milhares de corações ❤️:”

4.4.12 - Alguns Depoimentos sobre o sr David Pandolfo

Gelson Pandolfo assim se expressou em 18-09-23 (*14-05-1954), (neto do nono David, filho de Victório Pandolfo e Nelita Caberlon): 1. Como conheceste David? Qual grau de parentesco? “ Meu nonno, me criei com ele. Comecei a trabalhar no budegão (armazém) do nonno David, desde piá. Com certeza no máximo com 10 anos já ajudava, no armazém, no boteco, no açougue. - Não havia luz elétrica, mas ele tinha gerador de energia para a luz. 2. Características de David Pandolfo? Como era o relacionamento dele com as pessoas, os clientes do Comércio, localizado do km 45? O nonno David era um homem rude, bravo, justo, mas o pessoal gostava dele, pois também precisavam dele. Era o único armazém que tinha por lá e vendiam e compravam produtos coloniais dos colonos da região, como feijão, milho, flor de piretro, gado, suíno, entre outros tantos produtos. 3. Por que David, residiu na localidade do Km, e não foi para Chuvisqueiro com os irmãos? Quando o nonno David chegou a esta região ele foi morar com os irmãos no Chuvisqueiro, mas acho que como ele tinha visão para negócios, percebeu que no Km 45 tinha mais possibilidades de um comércio dar certo. 4. Como era o comércio que ele administrava? quem mais auxiliava? Era uma loucura, sempre com muito movimento. Além dos produtores que vinham vender seus produtos, tinham aqueles que vinham comprar. O espaço de comércio tinha em torno de 150 a 200m quadrados e embaixo deste comércio havia o depósito no porão, onde era estocado os produtos, tipo banha, salamito, margarinas. Ele residia nos fundos da Venda, ali tinham 2 quartos, uma sala e cozinha e uma escada que ia para o sótão, onde tinha mais dois dormitórios. Na frente tinha o lugar para amarrar os cavalos e estacionar as carretas. Os que auxiliavam o nonno David eram a nonna Angelina, Victorio, Orestes, Dileto, Nelita (mãe), Onorina, Silvio, Gelson. 5.O que vendia no estabelecimento? Vendia de tudo, tipo secos e molhados (milho, feijão, arroz, açúcar, farinha, margarinas), tecidos, confecções, carnes, etc. 6. O Comércio era muito visitado? somente de moradores da mesma localidade ou de outros locai? Quais? Tinha um enorme movimento, eram moradores da região, como da Linha 5 de Novembro, KM 50, Fundo Quente, Chuvisqueirinho, Riozinho, Palmito e arredores. 7. Tu frequentaste o Comércio? Qual fato marcou a tua vida e demais familiares? Vivi dentro daquele comércio até os 16 anos pois daí viemos para o Riozinho, onde o pai comprou um comércio, a antiga Cooperativa dos Colonos. (Cooperativa Agrícola Riozinho Ltda) O que mais marcou em mim era muito trabalho e era bom. Foi minha faculdade no comércio. A margarina era novidade naquele tempo e lembro de comer um tablete e ganhar uma dor de barriga tremenda, mas não podia contar porque eu havia roubado a margarina. Kkk 8. Algo mais a acrescentar? Cite O nonno não podia ver a gente parado. Tinha que estar se movimentando, fazendo alguma coisa. Ex. Estava chovendo e não tinha mais o que fazer, daí ele me perguntou: O que está fazendo Geco? E eu disse que nada, ele diz: Então vai dar água para os peixes .... kkkkkk Ou então vai virar as pedras pra molhar do outro lado!! Kkkkk Vai arrancar mato nos piquetes. Lembro que meu pai comentou que deu uma briga muito grande, no lado de cima da casa do pai, no caso, na casa do Carlos Faccio. A briga foi no porão da casa dele onde tinha uma sala de jogos, jogavam baião, carteado e houve uma briga muito feia, aonde com facas acabou esfaqueando o Sinhô e posteriormente morreu. Foi acudido pelo pai que o levou ao hospital no Riozinho. Soubemos depois que o assassino se escondeu embaixo da casa do meu pai. Isso ocorreu qdo. era criança e antes de trabalhar na venda. Pessoalmente não lembro desse ocorrido.. 9. Em 1970 a gente veio pra Riozinho”.

4.4.13 – Outros depoimentos

01 Renato Dal Castel (cunhado do Dileto Pandolfo) recorda que o nono David era muito exigente e organizado. Mantinha os potreiros limpos, entaipados, em ordem. Ninguém ficava parado, sempre deviam fazer algo. Ou, na falta de, empilhar pedras no potreiro, arrancar mato, “dar água aos peixes” (rsrsrs), etc.  Nono David tinha um cão muito prestativo, o SULTÃO. De sacanagem, atiravam tijolos ao cão para que ele os abocanhasse no ar. Quando o nono David percebia, nem precisava abrir a boca. Era uma debandada só (rsrsrs), até porque era perigoso ao próprio cão.

02 Leonida Caberlon (Nida, minha esposa, também cunhada do Dileto Pandolfo) trabalhou no comércio do nono David por algum tempo, quando solteira) Lembra que, em determinado dia chegou o filho do Bem Rabelo e lhe disse “minha mãe mandou buscar sabugo”. A Nida encaminhou-o ao Faustino (auxiliar do depósito). Não demorou muito, Faustino e o menino voltaram e ele perguntou rindo à Nida o que o menino queria? Ela respondeu que era sabugo. Faustino não se aguentou e deu aquela gargalhada: ele veio comprar sagú (rsrsrs). Outro fato por ela lembrado. Certo dia, o Dileto retornou de viagem a Porto Alegre. E trouxe várias compras, entre elas, camisas que deveriam ser expostas à venda. Daí, o próprio Dileto preparou um arame e esticou-o sobre o balcão, onde deveriam ser colocados os cabides com as camisas. Estando ela a pendurar os cabides, quem chega? O nono David. De pronto intimou-a: “Aí não é lugar pra ti. Desce logo daí”, foi a ordem dada pelo nono David, não porque ela poderia cair e sim para não, eventualmente, sujar o balcão onde se colocava produtos aos clientes, e/ou porque poderia danificar o balcão.

03 Nilva Pandolfo (neta primogênita, filha de Victório Pandolfo e Nelita Caberlon): “1- Conheci David Pandolfo por ser meu avô paterno; 2-David era muito sério, sisudo e bravo, mas ao mesmo tempo uma pessoa do bem. Os netos tinham muito respeito por ele. Com os clientes muito sério e correto. Não admitia nada errado. 3- não sei o porque veio morar no km 45 4- Era uma casa comercial bem organizada e bem cuidada sempre com muito carinho e capricho. Tinha que ter tudo no seu devido lugar. Os filhos sempre o auxiliavam enquanto solteiros. Depois que meus avós se aposentaram meu pai Victorio e meu tio Dileto seguiram com o comércio. 5- vendiam produtos secos e molhados e tecidos. Também tinham açougue. 6- sim… tinha uma boa clientela local e de outras localidades (Riozinho, Rolante, Taquara e PoA) era muito conhecido por fabricar o famoso salamito italiano. 7- Sim, era minha segunda casa. Gostava de ajudá-los. Aprendi muito com meus avós. Lembro do meu avô, quando não tinha nada pra fazer, ele me chamava pra me ensinar a fazer cálculosmedir tecidos e fazer sacos com papel embrulho pra colocar mantimentos  8- tive uma infância muito feliz !!! Saudades    ❤️❤️❤️

04 – Rogério Davi Pandolfo (neto do nono David Pandolfo): “Desde pequeno sabia ser meu avô. As características dele uma pessoa bem fechada, quieta, temperamento bem forte, organizada, que sabia conduzir da melhor forma possível o que podia fazer, enfim, quem ajudava era o tio Orestes, o tio Victorio e o pai. Teve oportunidade de abrir comercio no Chuvisqueiro. Teve oportunidade para isso. Lembro do que vendia. Tinham sacolas plásticas penduradas que tinham estampadas a cidade do Rio de Janeiro, depois tinha aqueles barris enormes, que eu quase entrava dentro, que tinha aquelas bolachas compridas que eu adorava.  Lembro que essa venda fez parte de minha infância, me escondia dentro dos armários quando era pequeno, então todas as minhas memórias mais bonitas que tenho estão dentro daquele comércio que era de meu nono.  E ali sei que vendia de tudo, todos os produtos e, por incrível que pareça, mesmo sendo do interior, meu pai levava esses produtos até São Paulo e Rio de Janeiro.  Com certeza, o comércio era muito visitado. Brinquei muito ali naquela casa, onde, na frente,  tinha um lugar para as pessoas amarrarem os cavalos, ainda não existiam carros, não tinha nada. E muito legal lembrar de tido isso. Se pudesse voltar no tempo e ficar lá igual quando criança naquele local, acho que foi o que mais marcou minha infância. Tudo isso a gente tem que agradecer ao nosso nono, que é o David Pandolfo, por ter proporcionado pra gente e eu acho que todo o trabalho dele, da vida dele, se reflete um pouquinho em cada um de nós, a semente dele está um pouquinho em cada um de nós, seja quem foi pro exterior, quem foi pro comércio, então é isso.”

 

4.4.14   - Fim do comércio de David Pandolfo

Em 1976, Dileto e sua família mudaram-se para Cachoeirinha/RS, encerrando sua participação nos negócios do KM 45. Assim, também foi o fim do comércio iniciado em 1939.

Pelos depoimentos acima é possível traçar o tipo de personalidade do nono David. Um homem de bem, honrado, de princípios enérgicos e de bons costumes, sério e exigente, pioneiro em muitas iniciativas, mesmo com pouca instrução, prático e bem sucedido em sua atividade comercial.

Esta é a história dele, que faleceu no dia 24 de novembro de 1981, com 81 anos bem vividos. Todavia, seus descendentes continuam honrando seu nome. Está sepultado no cemitério do KM 45.

Descanse em paz, Sr. David Pandolfo. Sua memória foi eternizada por seus feitos, agora registrados e aqui relembrados!

Representa o Sr David Pandolfo, em seu túmulo no cemitério do KM 45.  Clicada por Nádia Dal Castel.

A nona Angelina M. Brambilla Pandolfo, em seu túmulo, no cemitério do KM 45. Clicada por Nádia dal Castel.

4.4.15 -Comentários finais

Foram alguns dias dedicados à elaboração deste trabalho sobre a vida e o comércio do Sr David Pandolfo.

Ainda que faltem dados de alguns ascendentes e descendentes, o resultado aqui apresentado é duplamente gratificante: pela oportunidade de relatar, como também ao trazer ao conhecimento geral a pessoa retratada. Igualmente porque seus atos e fatos já fazem parte da história, agora aqui registrados e eternizados.

Então, Sr David Pandolfo, de onde estiver, o senhor é motivo de orgulho aos seus pela herança deixada de bons exemplos, conforme confirmam os depoimentos. Como também um desafio a persistir, visando continuar praticando o bem. E buscando o aperfeiçoamento de modo geral, sem o qual não há evolução pessoal de quem quer que seja. Qualquer pessoa é um grão na sociedade, então, se todos praticarem o bem, a sociedade será a grande beneficiada.

A sementinha plantada resultou numa grande família, com bons frutos já produzidos pelos próprios filhos. E culmina com chave de ouro no ato da bisneta, Costanza Pandolfo, então com apenas 09 aninhos, praticando atos de solidariedade a crianças carentes. Que outras crianças sigam o exemplo.

Representa a Costanza Pandolfo, no Jornal do Almoço, da RBSTV, de ago/21.

 

 

Ari Caberlon

e-mail: aricaberlon@gmail.com

51 3223-5062 e 99955-4668.

Elisete Luiza Masera

e-mail: elimasera@yahoo.com.br

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