Apesar do disco não ter sido pensado a partir de um conceito específico, o vocalista e baixista Rafael Xuoz revela que a ideia de um reality show fracassado parece amarrar bem a concepção do novo trabalho. “Primeiro porque a Rã sempre cultivou uma capacidade de se enxergar criticamente e rir de si mesma. Depois, porque tematicamente acabamos orbitando em torno de uma certa desconexão da realidade, ou inversão de valores em que os sujeitos se mostram mais investidos na vida encenada dos meios de comunicação do que em sua realidade material”.
O músico justifica a temática com algumas das faixas do álbum, como é o caso de “Vídeo-Game”, em que o personagem se fascina com o banquete sensorial promovido pelo jogo e admite se entediar com a vida fora da tela. Já em “Magnim”, o sujeito convive numa relação esvaziada, com um colega de trabalho que ele conhece através da tela do computador, e passa a se questionar se a vida não passaria de um holograma. Ou ainda “Kawasaki”, onde a motocicleta torna-se maior que um simples objeto de consumo e passa a representar a possibilidade de emancipação completa da realidade. “Mesmo fora do entretenimento, nossas relações são mediadas por redes que exigem de nós algum nível de encenação do real, seja em relações afetivas ou de trabalho”, diz Xuoz. |
COMENTÁRIOS